sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ponderações sobre o Batismo

Batismo
Definições e ponderações
Dicionário base: Dicionário do Novo Testamento de W.C.Taylor
Bathós
Ø Profundidade, espaço além da linha do horizonte, onde aparecem as estrelas
Baptizo
Ø Imerjo, mergulho, purifico por mergulhar, lavo, limpo com água
Ø Rito da Sagrada ablução = (lavagem, banho de todo o corpo ou parte dele, com esponja embebida em água ou com toalha molhada, ritual de purificação por meio da água – Dicionário Aurélio).
Baptisma
Ø Imersão (Taylor)
Ø Transformação de mente (Sinal de atitude mental), quase o mesmo que metanóia (Alexandre Souter, prof. De Grego nas Universidades de Oxford e Aberdem).
Ø Abundância de calamidades ou aflições (Thayer)
Baptismós
Ø Imersão (Taylor)
Ø Atos de lavagem (James Hope Moulton – Metodista, da Universidade Cambridge) e (George Milligan – Presbiteriano, da Univeridade de Glasgow – dicionário em 8 tomos)
Baptó
Ø Mergulhar
Ø Tingir
Baptá
Ø Vestes duas vezes tingidas

Considerações gerais
1. Imersão não é o único batismo, tampouco o mais correto a ser administrado, o termo grego “Baptizo” não é imergir. Exprime na verdade, uma idéia intencional.
2. Mt 28.18-20 (análise)
1. (1) Ide; (2) a todas as nações; (3) Batize; (4) ensine.
2. (1) Ide – é uma palavra de sentido geral, não é de modo particular. Se um comandante ordena ao soldado: “Vá a pé, a certo lugar”, o soldado estaria desobedecendo se fosse a cavalo, de carro ou de outro meio que não andando. Se por sua vez, o comandante ordena que o soldado, fosse a cavalo, ele igualmente estaria desobedecendo, se fosse à pé, ou de qualquer outro modo que não fosse a cavalo, mas, se a ordem é “vá a tal lugar”, o soldado estaria livre para escolher de que forma cumprir seu dever. (ordem geral)
3. Fazei discípulos; Evangelizando; ensinando – os meios são diversos, (colégios, universidades, escolas dominicais, pregar na igreja, nas ruas, visitar as casas, cantar hinos evangélicos) novamente o uso é geral.
4. Ensinando – pode-se fazer isso, através de conversa, pregação, distribuição de livros, bíblias, folhetos, jornais e etc. o modo, novamente é geral
5. Batizando – De todas as formas de cumprir a grande comissão, todas são gerais, isto é, o cristão pode empregar vários meios de cumprir esta ordem, como melhor lhe parecer. Por que, somente “Baptizae” deve ser entendida de forma a ser somente por imersão? “Baptizae”, traz a idéia de purificação cerimonial com água.
3. Em letras aprende-se que: “palavras são sinais de idéias” quando uma nova idéia é apresentada, para qual a língua não tem uma palavra apropriada, há a necessidade de inventar uma palavra inteiramente nova ou usar palavras já conhecidas em um sentido deveras modificado. Para constatar isso, é só dar uma olhadinha no dicionário.
4. Vejamos alguns exemplos; o cristianismo usou palavras do grego clássico e as usou de forma bem diferente do seu uso normal; (Theos=Deus), (Christos=Cristo), (Metanoia=arrependimento), (Ágape=amor), (Elpis=esperança), (Pistis=fé), (Hamartia=pecado), (Sarx=carne), etc. ad infinitum.
5. Deipnon=Ceia, Platão exprimiu um pensamento muito diferente ao usado por Paulo (ambos usaram a mesma palavra), para o grego clássico, “deipnon” era o nome da refeição mais abundante do dia, sem importar a hora. Os coríntios tinham isso em mente quando se reuniam para cear (1Co 11.23-30), por isso, começaram a comer de mais e a se embebedar (talvez fosse da torcida do inter). Paulo, portanto achou necessário, repreendê-los e explicar-lhes a ordem sacramental.
6. A significação clássica, não serve de guia absoluto para a sua significação no Novo Testamento.
7. A experiência dos missionários às terras pagãs ilustra a mesma lei. Até mesmo a língua de um povo deve ser convertida.
8. Baptó=tingir – Dr. Carson (batista) diz: “Posto que esse sentido surgisse de tingir por imergir, a palavra, contudo, veio por apropriação denotar tingir sem referência ao modo” (Carson – o batismo: Ed. Sociedade Americana, p.44).
9. Hipocrates, falando de um líquido corante, diz: “quando cai sobre as vestes, tinge-as”.
10. Baptizo no uso clássico, não indica com o que se deve batizar. o uso batizar com água, é cristão.
11. Não temos na Bíblia, nenhum exemplo, em que a palavra imergir é usada.
12. Gn 37.31 (moluno=tradução grega septuaginta), não é mergulhar, mas manchar
13. Os tradutores do hebraico nos deram duas palavras que representam “tabal” (mergulhar e submergir)
14. A septuaginta (é bom lembrar, que esta era a bíblia que os Apóstolos usaram os discípulos e os primeiros cristãos), nos deu três palavras (além das duas já citadas, temos “moluno”=manchar.
15. Caso “Naamã” (lavou-se=purificou-se 7 vezes) não mergulhou.
1. “7” entre os judeus tem conotação de perfeição, completude = purifica-te completamente (isso o profeta disse, Conf. Sl 12.6)
16. Caso “Eclesiástico, o filho de Sirach 34.30” usa (baptizomenos=purificado) com referência a um corpo morto, e o toca novamente, de que lhe serve a ablução) a ablução, era feita com um hissopo(e) e mergulhava-se na água e aspergia sobre a pessoa. Eclesiástico chamou isso de “Batismo” por aspersão.
17. Números 19.13 e Hebreus 10.22 é o mesmo caso.
18. O processo de purificação de um corpo morto, a que se refere o filho de Sirach, foi aspersão, contudo, ele chama de batismo.
19. Flávio Josefo em história dos hebreus Livro 4 cap.4. se refere a essa purificação de aspersão por “batismo” diz: “batizando (baptizontes) por estas cinzas postas em água de uma fonte, eles aspergiram ao terceiro e sétimo dia” o confessionalismo não deixou o original falar mais alto, João o batista, somente batizava em água corrente, isso exclui o batistério, não?
20. Novamente, digo, este batismo, era efetuado em água corrente, era usado o hissopo(e) e aspergida água sobre a pessoa – certamente, João batista tinha viva na memória, a palavra do salmista: “purifica-me com hissopo e ficarei puro” (Sl 51.7).
21. Batizados em Moisés (1Co 10.2). Os borrifos do mar aspergiam água, e assim foram batizados.
22. O batismo, sob a dispensassão atual, é igualmente uma cerimônia que prefigura a purificação cerimonial, sendo assim, a unidade bíblica é mantida, por outro lado, se representa enterro, e não purificação deveria ser feito com terra, (como o caso de alguns batistas de regiões onde não há água para a imersão), desta forma, a unidade está rompida.
23. “Nascer da água” (João 3.5) – equivale ao nascimento natural, onde o não nascido está envolto em líquido (“água”), e daí ele sai. (Conf. Isaías 48.10).
24. SEPULTADOS NO BATISMO (Romanos 6.4; Colossenses 2.12): “Indica a inconsistência de uma profissão de fé com uma vida contumaz no pecado, e o propósito de Cristo ao morrer, era dar fim ao domínio do pecado. Uma consagração a ele é uma consagração a tudo o que sua morte significa. Fomos crucificados com ele, tornamo-nos inteiramente mortos e sepultados para a vida antiga, e fomos ressuscitados dos mortos para uma vida nova, isso é o que a nossa consagração a ele (feita no batismo).
25. O argumento que o apóstolo se baseia, não no modo de ordem externa, mas sua significação como o princípio de uma vida inteiramente nova: “sepultado no batismo” equivale ao dito popular: “morto e enterrado”, isto é, morto além de toda a dúvida.
1. Todo o argumento a favor de uma imersão deduzida da palavra “sepultado” depende da concepção de um enterro literal nas águas do batismo. Quando, porém, temos em mente que a morte que a morte de que se fala em ambas as passagens não são tão literais, mas figuradas, de que a nossa crucificação não é literal, mas figurada, igualmente a ressurreição, não é literal, mas figurada, seria uma flagrante violação de todas as leis de linguagem tomar somente o “enterro” como literal”, é o mesmo erro que se demonstra em Ap 20, com referência a um milênio literal.
2. O argumento batista tira a força da passagem bíblica em discussão, o batismo é um ato de inteira consagração ao Cristo crucificado, ressurreto e vivo eternamente.
26. Justino Mártir, em sua obra “discurso contra Trifão” diz; que muitos imitavam o batismo cristão, “aspergindo”.
27. Ireneu de Lião, em sua obra: “contra as heresias” afirma que a pessoa pode ser batizada em qualquer idade (bebês, jovens, adultos, anciãos).
28. Estas são declarações bem plausíveis sobre o batismo, nas escrituras, na exegese e na história. Haja vista que, nas catacumbas de Roma, as mais antigas gravuras, representam o batismo por aspersão, onde até mesmo o “didaké” confirma o uso, e os iconoclastas bem souberam expressar a idéia.
Soli Deo Gloria

Bibliografia
TAYLOR, W.C. Dicionário do Novo Testamento Grego, Ed. JUERP
VINE, Dicionário exegético do Antigo e Novo Testamento, Ed. CPAD
JOSEFO, Flavio. História dos Hebreus, Ed. CPAD
Didaké, O catecismo dos primeiros Cristãos, Ed. Paulus
Lião, Ireneu de. Contra as Heresias, Ed. Paulus.
JUSTINO. Pais apologistas, Ed.Paulus

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